martes, 3 de marzo de 2009

El Eterno Enemigo (RIP)( foto Rita G.)


Neste preciso momento que começo a traduzir-redigir a entrevista com a minha banda favorita de Buenos Aires vem de sair o seu derradeiro trabalho, Círculos. Ainda nom tivem oportunidade de escuitá-lo na sua totalidade mas a dizer polas músicas que escuitei no seu myspace vou gostar quase tanto como do que gostei de “En contra de toda Esperanza”. Se alguém ainda pensa que hardcore e castelhano, castelhano e hardcore som inimigos irreconciliáveis, eis umha amostra de que isso é tam parvoíce como dizer que para ser hardcore há que levar Vans e tatuagens. Se alguém ainda pensa que as letras de hardcore devem falar dalguns destes tópicos: irmandade, som mais Straight que a mãe do cordeiro, as ruas som mais duras que a cabeça do santos dos croques... El Eterno Enemigo demonstra que isso é mais umha parvoíce.

Bom, para começar a pergunta típica, como decidides montar a banda? Que bandas escuitávades e pudérom influir-vos na altura?

A banda começou com umha formaçom distinta à de agora, desde o primeiro momento quigemos criar algo com um som similar a bandas de meados de 90’ como Outspoken, Mouthpiece, Turning Point... Nom havia muitas bandas com esse som em particular cá em Buenos Aires e realmente adoramos essas bandas, portanto nom foi muito difícil começar a praticar e tirar umhas bases e criar as músicas.

Umha das cousas que mais me chamou a atençom do grupo som as letras devido à sua originalidade, em que vos inspirades à hora de compor? Muitas bandas de países de fala nom-inglesa tendem a usar o inglês como língua para as suas letras argumentando que assim vai-nas entender mais gente ou que o idioma amolda-se melhor ao hardcore, que é o que opinades?

Das 9 músicas que há no primeiro disco, dous pertencem a demos que lançamos com outro vocal, portanto essas letras diferem um bocado do resto. Acho que nom som muito originais, simplesmente diferem um bocado das letras das clássicas bandas de SxE que só falam de clichés como orgulho Straight Edge (SxE), justiça SxE, vingança SxE, traiçons por deixar o Edge... As nossas letras estám abertas para que qualquer umha pessoa que escuitar a banda poda sentir-se identificada com elas, seja ou nom SxE. Há temas pessoais que estám estampados nalgumhas músicas, outros tratam sobre o rechaço a instituçons, outro fala sobre o nosso ponto de vista do consumo e matança de animais, um bocado pessimista... enfim. No novo disco há letras que denotam o nosso inconformismo com a sociedade que nos toca viver, o mundo que nos toca compartilhar, e outras pessoais também.

Quanto ao idioma, na minha experiência pessoal quando cantava em Reconcile, todas as letras (e continuam a ser) em inglês, nom havia bandas de hardcore que tivessem letras neste idioma na altura em que tocávamos. Por um lado, as frases ajustam-se melhor em inglês já que a sua estrutura é muito mais curta e fica melhor mas por outro lado nom muita gente podia entendê-las. Agora é muito mais fácil porque a grande maioria sabe algo de inglês, mas no 99 nom era assim. De facto, agora vês um concerto de Reconcile e muitíssimas pessoas cantam todas as músicas, acho que todo depende do momento...


Qual é a vossa opiniom sobre os concertos de reuniom de bandas como Bold. Adolescents, Gorilla Biscuits...?

Num passado eu estava em contra disso, achava que só o faziam por dinheiro, e nom estava muito conforme com essas decisons mas... quem nom gostaria de ver Gorilla Biscuits tocar na sua cidade? Nom sei, eu iria. Acho que para essas bandas isto trata-se de diversom e passá-lo bem um bocado. Eu nom som ninguém para dizer a tal banda que nom se junte.

Desde o teu ponto de vista quais destas palavras/conceitos deveriam estar ou estám relacionadas dalgumha maneira com o hardcore? Explica a resposta, faz favor.

PMA (Positive mental attitude): Isto é fundamental, ter umha atitude positiva frente a tudo é algo primordial, acho .

Coleccionar sapatilhas: Nom sei que terá a ver com o hardcore, suponho que se Tim McMahon tivera dito que coleccionava estampilhas agora haveria centos de moços hardcore coleccionando-as.

Política: Acho que todo o relacionado com o punk tem a ver com política dalgumha maneira. Nom vejo mal que umha banda de hardcore tome umha posiçom política nas sua letras. Gosto imenso de Nations on Fire, Seein Red, sempre desde um lado contestatário e consciente das cousas das que falam.

Veg(etari)anismo: É muito importante e gratificante poder ser consciente e nom fazer parte de qualquer tipo de abuso e exploraçom já seja humana ou animal. No meu esquema de hardcore, isto já faz parte de mim, é algo pessoal e trato de dar meu ponto de vista nalgumhas letras, assim como o resto da banda também.

Homofobia:
Nom tem nada a ver com o espirito hardcore punk, nem nada com a realidade. Acho que este sentimento encerra verdadeiros medos e ódio. E lamentavelmente isto vem da classe de educaçom que um tivo de moço.

Dança violenta:
Nalguns lados isto está na moda. Nom sei, nom tenho nada com que haja dança hardcore no shows. O único que quereria é que se respeitassem os espaços de cada um, eu nom podo ir assim como assim dando pontapés e socos, bater em alguém, pôr-me em atitude de mau, e pretender que a ninguém lhe pareça mal. E a violência nom tem nada que fazer num show hardcore. Prefiro montanhas de pessoas a brigarem polo microfone, gritando e moshando sem parar. Quem quiger dançar, que o faga mais atrás onde nom foda a ninguém e pronto. Eu também gosto de ver o pessoal movendo-se mas que nom se agrida a ninguém.

MTV: Já o dixêrom os Dead Kennedys: “MTV get off the air”. Nom sei, mas na minha cidade a MTV nom fijo nada bom nem nada mau na cena porque simplesmente nom acho que saibam que há umha cena assim hardcore por estes lados. E se sabe, que há umha cena hardcore nem aparecem porque é umha subcultura underground muito pequena em relaçom com o que as pessoas ouvem. Eu nom vim nenhum documentário sobre a cena hardcore daqui na MTV. O que me molesta é ver os programas que tenhem como esse programa com o imbecil de Papa Roach fazendo o parvo com as suas tatuagens e depois ver muitas pessoas dizendo que isso é hardcore.

Myspace: É umha ferramenta que proporciona Internet e como todo o relacionado com a net há que saber aproveitá-lo. Se se usa correctamente é meio muito bom para dar a conhecer a tua banda, selo, cena... fora do teu paós. A chave está em saber aproveitar estas cousas para fazer algo construtivo.

Por quanto tenho oportunidade de observar desde fora e o que me comentárom pessoas que tivêrom a oportunidade de visitar ou de girar por Argentina, a vossa cena tem umha excelente saúde, é verdade? Que grupos, selos e fanzines destacaríades? Há que nom gosta da palavra cena, qual é a vossa opiniom sobre ela?

A verdade que cada vez estám melhores os shows, há muitíssima gente nova. De facto, acho que cada vez que tocamos podo dizer que conto as pessoas conhecidas com meus dedos das mãos, nom passam de 10. Isto sempre se vai renovando, assim que espero que haja mais gente consciente e que se conserve o verdadeiro espírito do hardcore. Bandas há muitíssimas boas, vamos ver: Orientación, Reconcile, El camino más dificil, Sti, Cuenta Reg, Far From Heaven, Knockout, há bandas relativamente novas como Cuenta Conmigo, Reason for Change (os Bold argentinos). Selos tens Varsity que é a gente de Reconcile, Wakind the Dead que lançou o nosso primeiro disco, X el Cambio esta faz bastante, organiza shows bons e ademais tem a Otra Salida na suas fileiras que é umha das bandas com mais anos activa neste momento. Back on Track é um selo de Rosário que pouco a pouco vai tendo boas produçons, som os moços de ECMD e Knockout. Fanzines nom há muitos neste momento, o Varsity Zine é bom, é grátis e em imprensa, também está o meu (Breakpoint) desde o 2003, The Season zine que o fazem os de Back on Track também, acho que neste momento há mais vontade de fazer novos zines, há que ver que se passa com isso.

Fagam de guias de Buenos Aires por um tempo, levem-nos ao melhor restaurante vegetariano para comer, à melhor loja de discos e de material independente... Que nom podemos perder da sua cidade?


Há muitos espaços bons para comer, Los Sábios na Av Corrientes perto do Abasto é muito bom, também por Congreso está Bodhi que safa bem, no Bairro Chinês está Siempre Verde que “se sarpa”(este é o único que é por prato, o resto som todos garfo livre). Felizmente em todos há comida vegan, qualquer um(ha) pode ir a estes lugares. Recentemente fechou a sua loja Checho que tocava em 720°, estava bem, com roupa, CDs e zines de muitas bandas. O vocal do BBKID tem a sua loja que se chama Duck o Homo e podedes encontrar bons vinis lá. Igualmente o melhor é sempre ir ao shows e ver que há de novo na feira. Há muitíssimos lugares para conhecer na cidade (capital federal) obviamente que o primeiro é ver a cancha de Boca Juniors e o bairro onde está, nom sei, é umha cidade imensa.

Definem-se como banda Straight Edge, que é o que significa para vós como banda, algo mais do que nom fumar, nom beber e nom consumir drogas? Acham que o seu significado foi entendido mal por determinadas pessoas? Que opinam da frase que utilizam algumhas pessoas: “Nom é um debate, é umha guerra”?

Para nós Straight Edge é muito mais que um X na mão, abster-se de drogas e álcool, isso é só umha parte da história. Poder ser capaz de empregar o SxE como ferramenta de protesto e de ser consciente do mundo em que vivemos e poder pensar claramente no que estamos ocasionando com as nossas acçons, enfim, acho que seria umha lista interminável todo o que encerra a palavra Straight Edge. Definimo-nos como SxE já que todos o somos e começamos a tocar pondo os pontos nos is a respeito do SxE, e nom estou a falar de cousas como vingança SxE e justiça SxE, nada a ver, acho que com isto respondo a tua pergunta da frase: “nom é um debate...”
Acho que a muitos deu-lhes por fazer a capomáfia e os soldadinhos e estám muito confundidos, que grande parvoíce é essa? Típico de pessoas imaturas que só escrevem detrás de um PC, mas na vida real nom vejo a ninguém saindo com umha arma a matar um drogado ou um carnívoro, pura merda essas cousas.


Desde o meu ponto de vista dentro do hardcore poderia-se fazer umha divisom entre aquelas bandas/selos/publicaçons que se bem musicalmente poderiam-se definir como hardcore nom assim desde o ponto de vista do seu funcionamento, do dia-a-dia, já que se deixa à margem princípios importantes como o DIY, e outras que seguem fiéis aos princípios básicos que definírom o hardcore e o punk. Que opinades, como vedes o estado actual do hardcore, que opinades da intromissom das multinacionais no mundo do hardcore?

Dentro das bandas com as quais nos movemos nom vejo que se passe isto, simplesmente há algumhas bandas que nos esforçamos em soar melhor, madurar um bocado e soar ajustados, poder pôr algo mais de dinheiro para conseguir melhores estúdios e poder criar um zine ou um concerto de maneira mais séria. Isto dista muito do que parecer estar a passar fora, onde algumhas bandas estám em selos multinacionais, cada um deles tem os seus motivos e sabe por quê o faz. Se calhar serve para poder ampliar o seu público e poder expandir a sua mensagem a mais pessoas, depende das razons. Eu só vou responder quanto a mim, que é o que se passa na minha cena hardcore, nenhum selo discográfico multinacional se tem aproximado a nenhumha banda para meter o nariz, portanto e porquanto aquinom se passa nada, felizmente, hehe.
E se isso acontecer, dependerá da banda e como vam controlar e levar a cabo a ética do DIY, se é que decidem continuar a pensar isso.

Se tiverdes que fazer umha intro para umha suposta enciclopédia do hardcore punk argentino, que bandas nom poderiam esquecer?

Já agora, DAJ e o resto das bandas do famoso BAHC, para além de Autocontrol, Confort Supremo (ainda que eu gosto da primeira época de Sudarshana), Vieja Escuela, Eterniadad, Indiferencia, ITA. É fácil, consegues um flyer velho da época do 93 e procuras música de todas as bandas que começárom aí, já com isso vás estar mais orientado.

Desde o “Corralito” com De La Rua até a actualidade com Cristina Fernández, como analisam a situaçom política actual da Argentina, desde fora opina-se muitas vezes sem saber. O que interessa é a opiniom das pessoas que moram lá... É a classe política o verdadeiro “eterno enemigo”?

Inimigos há muitos, começando por um próprio. Eu nom estudo política, simplesmente falo polo que vivo constantemente dia-a-dia: os impostos sobem, a inflacçom sobe (camuflada por falsos informes controlados polo Governo), os preços dos alimentos sobem, o transporte sobe, nom há melhoras salariais, nom há melhoras na qualidade de vida das pessoas, cada vez mais gajos na rua pedindo dinheiro e comida, falta de educaçom. Nom acho que a situaçom seja mui diferente do que se passa em qualquer um pais terceiro-mundista.


Agora umha pergunta difícil, escolhede três bandas de cada um dos períodos que propomos (explicade um bocado o porquê, faz favor). Algumhas podem estar activas em vários períodos.

3 bandas dos 80: Minor Threat, Uniform Choice, Dead Kennedys, incrível música e letras inteligentes, na realidade poria demasiadas, é injusto só três bandas.

3 bandas dos 90: Outspoken, Mouthpiece, Strife…acho que nom há muito que dizer, excepto que me faltou Chain of Strength…

3 actuais: Have Heart, Down to Nothing, Strike Anywhere. Pessoalmente gosto imenso das três, som as que mais estou a ouvir neste momento.

3 bandas que nom sejam de hardcore: Seguro que vás pensar que vou pôr The Smiths, mas nom, a ver, ummm, Iron Maiden, Skid Row (o primeiro) e B52`s, quem merda nom gosta destas bandas?

Polo que pudemos ler já tenhem temas novos gravados, para quando o disco novo? Planos de futuro? Tenhem pensado atravessar o Atlântico?


O disco novo já deveu ter saído quando estejas lendo estas linhas, se nom saiu é porque se incendiou a fábrica ou porque algumha da banda é “yeta”. Planos para o futuro....ummm...tocar e apresentar o disco onde podamos, obviamente ir a Chile, Brasil, algumhas províncias do nosso País, nom sei, o mesmo que programa qualquer umha banda quando lança um disco. Nom somos mais que isso, umha simples banda com rapazes humildes dedicados ao que fazemos, nada mais nem nada menos... Saudaçons ao pessoal do Chile que nos acolhêrom excelentemente bem quando fomos há um tempo já, e lembrem, El Enemigo ama-os. XXX.
Muito obrigado polo interesse em nós e poder ajudar-nos com a entrevista.

www.myspace.com/eleternoenemigo
xenemigox@hotmail.com
www.fotolog.net/eleternoenemigo

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