sábado, 28 de febrero de 2009

entrevista Good Intentions


Quando estava desenhado o este especial achei que seria interessante entrevistar a bandas de todos os estilos, na altura nom conhezia nengumha banda de hardcore old school mas com o tempo acabei descubrindo o Good Intentions, nom lembro como. Pensem em bandas da velha escola mas com som do seculo XXI, se tiver umha loja de música ponheria-os na secçom de bandas como Count me out ou Champion. Oucem seu disco, que leva por nome “Até o fim”, se gostarem desse som, vam desfrutar.


1.Para começar a típica pergunta, falem um bocado dos começos da banda, como nasce e quais eram os objetivos naquela altura...
Resp.: A banda surgiu em 1999, com a proposta de fazer o som que gostávamos e sentiamos falta na atual cena em que vivíamos, não havia mais bandas de hardcore, eram raras as excepções, o que predominava eram banda de metalcore, mosh e powerviolence. Juntamos 5 amigos com um gosto comum e pronto. Começámos a fazer a nossa parte. Passamos por alguma mudanças na formação, mas hoje temos uma banda muito unida e intensa.

2.Como é que explicariam a alguém que nom ouvira o Good Intentions que som toca a gente?
Resp.: hardcore com muita energia. Muita influência de bandas como Youth of today, Gorilla Biscuits, 7 Seconds, Battery, better than a 1000, insted, mainstrike . . .

3. Falando das letras, há uma mensagem predeterminada que o Good Intentions quer refletir nos seus textos?
Resp.: Não há um tema específico pelo qual achamos que devemos falar. Falamos do que vivemos, e tentamos passar isso da forma mais positiva possível.

4.Desde fora da a sensação de que o veg(etaria)nismo e o straight edge ocupam um lugar importante na cena de Sao Paulo, concordam com isto? Acham que o straight edge é uma escolha política fronte ao que lhe interessa ao poder dominante,¿?
Resp.: Concordo, sim. Afinal o maior evento DIY da America latina é feito por um coletivo straight edge, onde só se vendem coisas veganas e independentes. Acredito que isso seja muito importante para a cena.
Não vejo o straight edge como uma escolha política e sim como um estilo de vida com reflexos políticos, assim como o vegetarianismo. São opções que você faz em sua vida, e nem sempre estão relacionadas a política, porém seus atos mesmo que inconscientemente acaba sendo ofensivo ao capitalismo por exemplo.

5. Se nom conhecessem o hardcore, seriam SxE?, sem se denominar SxE, é claro....
Resp.: Bem provável que sim!

6. Na sua opinião que papel joga a Verdurada na cena de São Paulo? Que é o que opinam sobre este evento?

Resp.: Eu, André, sou suspeito para falar pois faço parte do coletivo que organiza o evento. É o maior evento DIY da America Latina, e o mais antigo também. Faço parte do grupo desde 2000, e acho ele muito importante. Muitas bandas apareceram nele, muitas bandas fizeram ótimos shows no evento. Isso sem contar as palestras, debates e filmes que passam que fazem com que as pessoas reflitam sobre determinados assuntos que jamais encontrariam dentro de algo que por muitos é visto apenas como música.

7.Acho que o hardcore já se converteu numa coisa mui grande, muitos sub-estilos, muitas bandas a usar a palavra para definir a sua música ainda sendo uma cousa bem diferente, bandas hardcore a assinar por grandes companhias...acham que o hardcore está de moda? Como vem desde lá o hardcore a nível internacional?
Resp.: Para muitos o hardcore é apenas música, e isso faz com que as coisas sejam dessa forma. Esquecem de onde vieram, esquecem os porques estão envolvidos com isso. Internacionalmente eu acho que tem muita coisa boa e muita coisa horrível, porém devemos ver qual é a proposta de cada uma das bandas, qual a mensagem a ser passada.
Esse ano saiu um disco novo do H2O que é uma grande influência do GxI, e nesse disco novo tem uma música que passa uma menssagem muito boa sobre o que acontece atualmente no Hardcore mundial. O refrão é este aqui: " What happened to the passion? What the reason for screaming? What happened the music and the message that I love? What happened to the hard work? And why does everybody look the same? What happened the music and the message that I love? "


8.Qual é a primeira idéia que lhes vem à cabeça quando ouvem as seguintes ideias, palavras, conceitos....

PMA: unity - think positive, live positive, act positive - positive mental atitude
Carlinhos Brown: chato pra caralho!
Açaí : é perfeito!
Hardline: penso que só podemos cobrar as coisas de nós mesmo.
Movimento sem terra: Muito trabalho pra se conseguir algo. A luta tem que continuar, porém é necessário coerência.
More than fashion - More than music!
Fanzine: Fundamental. Nunca devem acabar!
Fanzine on line: divulgação de ideias!
Toninho Cerezo: ???
Partido dos Trabalhadores: Esquerda?


9.Escolham três bandas de cada um dos períodos ou apartados, expliquem a escolha, é favor:
3 bandas acuais de sao Paulo: Still x Strong, Corleone e Live by the fist - existe muita sinceridade no que fazem, e vejo isso de perto e me admira muito.
3 bandas dos 80..de hardcore: Gorilla Biscuits, Brotherhood Youth of Today - muita influência!
3 bandas dos 90.. de hardcore: Battery, Self Conviction e Point of no Return - muita inspiração!
3 bandas actuais internacionais: The First Step, On, Verse - Existe muita intensidade nessas bandas e eu gosto muito disso!
3 bandas nom de HC: Promoe, Contrafluxo e Dead Prez - Gosto muito de Rap e tem muita mensagem boa a ser passada!

10. Espaço livre e soberano, digam o que quiserem:
Obrigado pelo espaço e vamos continuar divulgando as coisas que acreditamos!!!
Think, Live and Act - PMA

HOWARD ZINN.


Howard Zinn. Ninguem é neutral num comboio em marcha.
É totalmente certo, meu passo pola Faculdade de História nom foi sem pena nem gloria, foi com mais pena que glória, umhas dificudades enormes para a memorizaçom fizeram que aquelas cadeiras que menos me interessavam, ao mesmo tempo aquelas que mais exercício de memorizaçom requeriam, fizeram-se infinitas e a sua superaçom adquirira categoría de odisseia. Mas a culpa de que a pena superara por goleada a glória nom foi minha, em exclusividade, senom dumha legiom de impedidos para trasmitirem conhecimento e amontrarem como interessante algo que deveria sê-lo, a História. Umha vez lim umha cousa, nom lembro onde, já a avisei que se se me exige memória mal imos, com a que concordo ao cento por cento, vinha a dizer que a História deveria ser umha novela verdadeira e nom umha verdadeira novela, bom, a segunda das opçons se fizer com jeito seria inclusive divertida mas o ótimo seria o primeiro. E voltamos ao eterno equilíbrio entre fondo e forma, acho que as Faculdades do mundo enteiro estám cheias de professores, historiadores, ensaístas, ou comunicantes de dogmas, que devido a que erram brutalmente na forma, fazem que o fondo se transforme em mui pouco interessante. Polo menos para a gente normal, de certeza que entre os parceiros de gabinete e alguns alunos feladores tenhem seu sucesso.

Admiro profundamente a aqueles escritores e escritoras que som capazes de transmitirem de jeito interessante e entretido, sem cairem nas violentas garras da erudiçom esteril, é por isso que desde hai uns anos sinto-me atraído por Howard Zinn, uma pessoa que conta e escreve a história como quase ninguém faz. Olhem o que manifestou por ejemplo no número 11 da revista Ladinamo, numha entrevista conduzida polo Isidro López: “Tanto a ficçom como a história podem ser úteis politicamente. A ficçom tem a qualidade de prestar às ideais umha intensidade apaixonada. Na ficçom também se podem imaginar outros mundos diferentes, quando um se cinge aos dados nom se pode permitir este tipo de imaginaçons. Por outra parte, ao utilizar a arte com intençons políticas sempre se corre o risco de incurrer em esquematismos. O melhor jeito de evita-lo e procurar formas de expressom o mais humanas possíveis, descrever a realidade inclusive se nom se ajusta ao que um acha que deveria ser e narrar a traves de personagens e relaçons complexas” . Concordo ao cento por cento, imaginem ao J. Kennedy Toole a escrever sobre História, para mim seria como tomar um copo de sumo de ananás com a Julieta Venegas, é dizer, perderia estabilidade, cairia de cú.

Antes de mais, este texto vai consistir basicamente na resenha de tres dos quatro livros que foram editados por Hiru , um bonito relato sobre a visita de H.Zinn a Cuba, escrita por Santiago Alba Rico e roubado da revista Ladinamo numero 11, e umha breve resenha biográfica sobre o “historiador do povo”. Fiquem atentes ao que está por vir, seu último projecto, “The People Speak” cujo trailer já se pode visionar em howardzinn.org, que de certeza que será umha dos filmes documentais mais formosos dos ultimos tempos, e dos mais incómodos para os guardiáns da história tradicional.

“Ninguem é neutral num comboio em marcha”, é o titulo do primeiro livro que lim de Howard Zinn, em si próprio já é uma declaraçom de principios, de que se trata? Pois a qualificaçom do próprio autor deixa-o bem claro, denomina-o como “História pessoal do nosso tempo”, basicamente através da sua pessoa narra as diferentes experiências vitais deste luitador social,revolucionário, historiador, dramaturgo....

Ia empregar a palavra intelectual para denominá-lo mas acho que concordo, em termos gerais, como a opiniom de Santiago Alba Rico sobre esse termo e o que representa: “(...)nom acredito-nom-nos intelectuais. Acho porém que a sociedade presente está disposta de tal modo que a sua intervençom nos asuntos públicos e mais daninha que beneficiosa. Acho que fazem mais em favor dessa concreta disposiçom das cousas que na sua contra. (...) . Acho que nom se pode falar de intelectuais sem autodenunciar a própria comodidade, o próprio narcisismo, as modestas vantagens que presupom e que um obtem por pequena que for a nossa estatura-do facto de trabalhar e luitar com a pena e nom com as maos”. Mas é evidente que neste sentido nada se lhe pode recriminar ao Howard Zinn, tal vez seja um intelectual doutro tempo, já que tomou partido, até se manchar, em muitas das luitas do tempo que lhe tocou viver, e assim a través da sua pessoa conhecemos de primeira mao muitos dos episódios mais importantes da história dos EUA.

Howard Zinn cresceu num bairro de classe obreira em Brooklyn, desde bem novo tivo que buscarse a vida, começou a trabalhar construindo barcos de guerra e naves de desembarco ao começo da segunda Guerra Mundial e posteriormente alistou-se nas Forças Aéreas, facto este que o levou a voar em missons de combate à Europa e que faria que alguns anos depois que se fizesse certas perguntas “inquietantes” sobre a sua participaçom no combate.

Seu primeiro trabalho como professor de “verdade” foi numha comunidade negra do Sul Profundo, lá luitou já desde um primeiro momento contra a segregaçom racial, essa nom foi a sua única luita, também participou activamente na luita contra a guerra do Vietnam e outra luitas sociais que tiveram lugar no seu país. A sua actividade foi tam consequente que acabou umhas quantas vezes detido e outras tantas perante os tribunais. Tam consequente que o próprio salom da sua morada serviu em repetidas ocasións para assembleias e reunións no contexto de diversas luitas. Com a palavra, é claro, também luitou em muitos foros e lugares e com numerosos soportes, som estes episódios contados dum jeito verdadeiramente atraente, cumha voz humilde e que supura conhecimento do que se está contar.

Resulta mui complicado resumir o livro, e por conseguinte a vida de Zinn, numhas poucas linhas, ler as 281 páginas do textos fai-se a uma velocidade tremenda, quando afrontou a redacçom deste artigo sinto ganhas constantes de copiar e colar citas do mesmo, é por isso que para culminar esta breve introduçom considero oportuno reproduzir um texto, leiam e procurem no seu passado acadêmico, nas suas faculdades, nos seus liceus se ainda ficam professores como o senhor Howard. Houvo durante a luita contra a LOU um com bigode e óculos que pareceu que queria tomar partido, no entanto recitar de memória bonitas frases ouvidas no 68 ou lidas em manuais para principiantes sobre o EZLN nom é o mesmo que tomar partido de forma séria e contundente

“Nunca nas minhas aulas ocultei as minhas idéias políticas, o ódio que me inspira a guerra e o militarismo, a indignaçom que me produz a desigualdade por questons de raça, a minha fé no socialismo democrático, na distribuçom racional e justa das riquezas do mundo. Sempre declarei que odeio a arrogância baixo todas as suas formas, tanto se forem naçons fortes como febles as que adoptam e tiram proveito dela, tanto se se tratar de governos que exploram os cidadans como de empresários que exploram os trabalhadores, quer sejam de direitas ou de esquerdas, porque se arrogam ao monopólio da verdade

Esta combinaçom de activismo e ensino, esta insistência no facto de que a educaçom nom pode ser neutral nos momentos mais comprometidos do nosso tempo, este movimento pendular entre a classe e as luitas na rua de aqueles professores que esperam que os seus alunos façam o mesmo, é algo que sempre assustou os guardians da educaçom tradicional. Preferem que a educaçom se cinja a preparar a nova geraçom para que ocupe o lugar que lhe corresponde na antiga orde, nom que a ponha em quarentena.” Chapeau, nom é???



DESTAQUES
Emma ( Hiru, 2001)

Através de vários episodios da vida da anarquista norteamericana Emma Goldman, Zinn trata temas clássicos da literatura sobre a revoluçom: a solidariedade, a prisom, a luita armada, a desobediência civil e o oportunismo. Por outra banda, a figura de Emma Goldman é perfeita para falar da íntima relaçom entre as luitas obreiras e as luitas feministas a começos do século passado e da procura, que adianta os movimentos alternativos de sesenta, dumha nova cultura mais acorde com a exigência de liberdade do movimento anarquista. Todo isto dentro dum marco histórico dumha das épocas mais turbulentas que conhecérom os EUA. Durante o período que vai desde 1880 a 1929 produciu-se a maior crise de legitimidade que sofreu o capitalismo norteamericano: os grandes oligopolios, os delitos financeiros, a chegada de milhons de imigrantes europeios, a militancia revolucionária massiva e umha brutal repressom estatal e privada conformam o contexto em que se desenrola Emma.

A outra Historia dos Estados Unidos ( Hiru, 1999).

Um texto chave paraperceber as falsidades que encerra o imaginário ( nunca melhor dito ) norteamericano e modo em que os governos de EUA empregam umha versom tergiversada da história para justificar toda classe de atrocidades em meio mundo. Zinn repassa alguns episódios significativos da história do seu país que a mitologia oficial tende a ocultar, desde Cristóvao Colombo a Ronald Reagan. Mas para além disso, A outra história dos Estados Unidos pretende ser um depósito de utilidades intelectuais para os movimentos de esquerda de todo o mundo: “ Se a história tem que ser criativa – para assim antecipar um possível futuro sem se negar o passado- deveria, eu acho, centrar-se nas novas possibilidades baseándose na decoberta desses episódios esquecidos do passado em que, embora só seja em breves toques, a gente montrou umha capacidade para a resitência, para a unidade e, ocasionalmente, para a vitória”
MARX en el SOHO. tEaTrO. Howard zINn. Hiru Editorial.( Tio Marcos da Portela)
Howard Zinn força nesta peça de teatro político o regresso de Marx a actualidade. Un erro burocrático situa o filósofo no Soho de Nova York e não no londinense inicialmente previsto. O filósofo repassa ante a audiência actual a súa experiência familiar e doméstica que nos achega a un Marx pai de familia que malvive em Londres, que se enfrenta corpo a corpo com um Bakunin corsário, beodo e porcino, um Marx esposo e cidadán que avala o seu compromiso intelectual coas máis severas condicións de vida. Na obra tamén fala o filósofo que ajusta as contas com os heraldos que proclamam a morte do seu legado intelectual, com oa entusiastas que têm o vício da constataçom das próprias razons.
A peçaa presenta un duplo interesse: por umha banda mostra aspectos pouco divulgados da figura do filósofo, por outra é uma introduçom ligeira aos aspectos fundamentais do pensamento marxiano, todo isto, é claro, com a intençom estética propia do género.





Howard Zinn na Habana. ( texto: Santiago Alba Rico )
Aos 81 anos Howard Zinn visitou Cuba pola primeira vez para supervisar os ensaios da sua obra Marx no Soho e umha tarde de maio dialoga num hotel de La Habana com umha treintena e intelectuais e poetas cubanos. Zinn é um velho formoso de estirpe libertária de Thoreau e Waltt Whitman, manifesto vivo dessa outra história dos EUA da que se tem ocupado e tem nutrido a sua obra. Mui alto, mui espigado, sucinto e campestre como um pinheiro, apenas a sua acusada delgadez faz difícil conceber que na sua juventude, antes de ser historiador, ganhasse a vida como carregador no porto. Todo o demais despega e funde-se no generoso “trajin”(mexer) do sonho colectivo dos cargadores do mundo: seu vigor físico, o verbo claro da sua pedagogia militante, seu voluntarismo veterano, esse sorriso sempre encendido, entre tímido e vivo, do que aprendeu mais na briga que nos livros e que sabe que o que sabe deve-o ensinar na palma da mao. Desde trás da mesa ouve e toma um formigueiro de notas; e resposta modesto, aberto, aprendiz, intenso, insistindo na enorme eficácia do mínimo e nas colossais esperanças da paciência. A umha pergunta de Abel Prieto, brilhante escritor e Ministro de Cultura de Cuba, Howard Zinn resposta falando das suas digressons por vilas pequenas e cidades de província, apenas localizáveis no mapa dos EUA onde às vezes se reunem centos de pessoas para escuita-lo: “ Nom costumo empregar a palavra socialismo. Falo-lhes de nacionalizaçom da riqueza, do direito à educaçom e sanidade gratuitas, da luita contra o imperialismo, e todos aprovam com entusiasmo. Depois, às vezes, digo-lhes que isso é socialismo e ficam asombrados. Mas se pronuciase de entrada a palavra “socialismo” todos se assustariam e deixariam de me escuitar”
Pola noite, Zinn ceia na morada de Abel Prieto salada e polo ( pouco vegano ai), “acribillando” a perguntas ao seu anfitriom sobre as eleiçons cubanas, os programas de estudo e a liberdade de criaçom; e sorri, mentres escuita, com a ingenuidade invencível, insubornável, dum meninho difícil. Na sobremesa, servem-lhe um vasinho de rum “añejo” e ele fai umha tímida alusiom a um puro habano. O velho Howard Zinn, o historiador do povo, vira ainda mais formoso trás do grande cigarro que parece que o está fumando a ele, com as bochechas ligeiramente arreboladas polo álcool e esse sorriso limpo que agora é abertamente comprazido. E de repente descavalga da sua improvisada tradutora de inglês e sorprende a todos cumha correctíssima, lcumprida frase em castelám. Mentiria se dissesse que Zinn diz: O 11-M marca o começo do fim do império estadounidense”, porque já o dissera de manhá; ou se disser que diz “ninguem é neutral num comboio em marcha”, que é o título dum dos seus livros mais bonitos. Howard Zinn, o historiador do povo, diz mui devagar e mui singelamente: “Estou mui contente de ter vindo a La Habana”. E a intérprete traduze-o rapidamente ao inglês.

entrevista LION OF JUDAH





O concerto do Lion of Judah foi meu debut no mundo do espectáculo londinense, ia ir com um amigo mas finalmente o cara caiu da convocatória e tivem que ir sozinho. A minha escolha fora o metro, por isso de chegar a hora e nom me perder, mas finalmente um outro amigo convenceu-me de que pegara a bicicleta e emprendesse umha viagem desde o coraçom de Hackney, Greater London, até Brixton, lá no Sul, onde os adolescentes nom tenhem por costume intercambiar cromos senom levar navalhas às discotecas, nom para intercambiarem mas para introduzirem nos corpos dos que olharem mal ou baterem accidentalmente caminho da casa de banho. Lá comparecemos a minha bicicleta mais eu, viagem mais curta (de tempo estou a falar) do aguardado devido a que a minha condiçom de pessoa pouco dada a boa orientaçom nom fixo acto de presença e cheguei direitinho lá onde o concerto ia ter lugar, o Grosvenor, pub ao que voltaria mais umhas poucas ocasions. Antes de tocarem os que eu fora ver tivem que aguantar outras bandas, entre elas os heróis locais Dirty Money , que devido à parvoíce e violência no pit, lá nom se dançava e apenas se golpeava, figérom-se eternas. Acho que a gente que fora ao concerto estava muito mais interessada em levar para a casa como recordo umha camisola manchada de sangue que em ver ao Leão de Judeia, de facto quando os da zona de Washingtom começárom nom havia muita gente, no transcurso do concerto tampouco. Lion of Judah som desses grupos com os que nom sabes mui bem que fazer, nem na casa nem vendo-os ao vivo, se dançar, saltar desde o cenário, lançar patadas ao ar... ou simplesmente ouvir e olhar. Tampouco saberia dizer mui bem a que soam, várias vezes antes do concerto tentando que alguém me acompanhasse fum sometido a típica pergunta, “que fazem”? Pois segundo seu próprio myspace as suas influências som Fugazi e Bad Brains mas eu nom acho que se semelhem muito a nengum desses dous grupos, de facto isso é o que me atrai da banda, nengumha evidência estilística. As letras também cousa fina, mensagem mas sem cair no panfleto, inteligentes. Tanto que considerárom oportuno nom respostar as perguntas relacionadas com política e as letras que eu lhes mandara, assim como desde o ponto de vista musical sempre sacarom notas melhores que boas comigo nesse sentido estiverom de zero.

Típica pergunta...como começo o tema e como a gente se meteu no mundo do hardcore?
Lion of Judah começara com uns quantos parceiros que queriam tocar numha banda juntos. Começou com nós compartilhando tempo nos porons de cada um de nós tocando algumhas músicas e evoluindo cara o que podedes ouvir a dia de hoje. Queríamos fazer músicas das que gostássemos e conseguir viajar, e até dia de hoje tem funcionado bem.
Eu metim-me no mundo do hardcore a traves do punk. Adoitava a passar tempo e ir aos concertos com um dos meus melhores amigos que morava perto da minha rua. Apresentavamo-nos distintas bandas o um ao outro, e finalmente meu curmao maior começou a levarnos a concertos.
Ha algumha explicaçom para a escolha do nome? Estám metidos no Rastafarianismo e no mundo do reggae? 
Desfruto do reggae mas em realidade nom estou metido no mundo do Rastafarianismo. Gostava-mos do nome e dalgumhas das cousas que ele representa assi que decidimos utilizá-lo. Nom hai realmente uma razom espiritual nem nada que se lhe parecer.
Tenho a certeza de que foram perguntados muitas vezes polo mesmo mas...como é que foi trabalhar com o Don Zientara, como foi o processo de gravaçom? Ele fez pipoca de milho para você? 
Foi genial. Sinto que quando gravas com o Don tu fazes-te parte do processo. Nom ficas só sentado olhando como algum cara manexa os controis. Ele pergunta polo teu input, fai que faças os ajustes. Ele fai realmente que sintas que estas envolvido em fazer a tua musica. Sim, cada vez que gravamos com ele preparou pipoca de milho para a gente. Essa é umha das minha comidas favoritas

“O que é importante do punk rock e a sua independência do governo e das instituçons e a suas redes à margem disto. Isso é o que é político, nom as palavras, nom tanto a música como a independência” . qual é a vossa opiniom sobre este parágrafo q escreveu o Tim Yohannan do Maximum R.n.R?

Voce pode mercar Maximum Rock and Roll em Borders ( procurei na internet e vem a ser uma especie de Amazon à ianque, eu acho....), e Jimmy Gestapo ( o cantor dos Murphy´s Law) odeia-os, que mais precissa?
 
Imaginem que precisassem fazer um dicionário, que definiçom escreveriam nas seguintes palavras, nomes ou conceitos?
 
 
 
Family guy:  é umha telesérie que imagino que o nosso guitarrista olha muito
American Hardcore: Bad Brains
Starbucks: PatBUCKS
Larry Bird:  Dennis Rodman
House :um lugar onde voce mora
Preemptive war:: Iraque


PETA: a percepçom media da gente do vegetarianismo
Oprah Winfrey: a mulher mais rica dos EUA. Se quere um carro de graça vaia ao seu show
Universal peace: amor
Global Warning: um problema real para o mundo mas que se convertiu nalgo para subirse ao carro
Rock against Bush: One in the hand is worth two in the ( cá sim que me supero ou ingles, que a gente interprete o que quigr…)
 
Às vezes fico impressionado quando ouve falar sobre a vida diária de algumha banda e hardcore, quer dizer, a gente a morar longe dos outros, dificuldades para o ensaio...poderiam falar do dia a dia da banda, com que frecuência ensaiam? 
Moramos todos relativamente perto, menos de 40 milhas os uns dos outros. Eu adoitava morar em Montreal o qual é a sobre 600 milhas de onde esaiavamos. Realmente nom ensaiamos tanto como gostariamos ou deveríamos, estamos todos ocupados com o trabalho e cousas polo estilo
 
 
Poderiam escolher, é favor:
 
3filmes: Adventures of Buckaroo Banzai Across the 8th Dimension, Groundhog Day, Harry and the Hendersons
 
3 bandas non de hardcore: Prince, Hanoi Rocks, Alice In Chains
 
3bandas contemporaneas: Ability, War Hungry, Iron Age (se é que ainda som umha banda de hardcore)

miércoles, 25 de febrero de 2009

ENTREVISTA a B.U.S.H


Uma demo tape, um 7", um Split, um LP, um vinil de 12 polegadas e uma turnê européia. Parece até uma banda de longa estrada mas, em pouco mais de 4 anos, o B.U.S.H. conseguiu trilhar um caminho um pouco diferente da maioria das bandas novas. Voltando a criar um hardcore com diferentes elementos musicais e estéticos, que confrontam muito da mesmice do punk atual, o B.U.S.H. é formado por Kalota (vocal), Pedro (guit), Fernando "Podrinho" (baixo) e Alemão (bateria) e continuam andando pelas ruas de São Paulo procurando algo novo para destruir.

- O B.U.S.H. faz mistura de garage dos anos 60 com skate punk, sem que isso deixe de soar hardcore. Como é viver num mar de bandas genéricas que não conseguem atribuir novos elementos a uma raiz já desgastada?

Pedro: Eu não diria que o que nós fazemos seja baseado exatamente nessa equação, apesar de é claro, termos muita influência desses dois estilos. Só não existe uma intenção deliberada de fazer uma "mistureba" desses dois gêneros ou quaisquer outros. Nós apenas fazemos o que gostaríamos de ouvir e inclusive, a maior parte das influências da banda estão bastante ligadas ao universo do que nós chamamos de punk. Do garage ao pós punk, é tudo conectado, o mesmo universo.
O que nós fazemos com as influências de antes do hardcore não é diferente do que muitas bandas do início do hardcore faziam com naturalidade, sem achar que estavam fazendo nada de extraordinário. Eram todas bandas com influências diversas e diferentes entre si que, no entanto, eram 100% hardcore por causa da maneira como entregavam a música que faziam.
Mas com o tempo, o hardcore ganhou uma fórmula e começou a ser influenciado apenas por si mesmo e quando uma banda sai desse esquema, parece que ela está ou descobrindo a América ou acha que está, pelo menos. Eu certamente não estou descobrindo nada de significativo só porque ligo um pedal fuzz por cima de uma batida rápida. O próprio Jello Biafra disse uma vez que se Holiday In Cambodia fosse lançada nos anos 90, não seria considerada punk por muita gente. E é verdade.
Podrinho: Talvez a gente possa contar em uma mão as bandas que estão fazendo algo que não seja o beabá do roqueiro. E não que tenha algo de errado nisso também. Existem muitas bandas que se criam encima de um penteado de um gênero de uma época e fazem isso com muito sucesso. O problema é quando uma cena inteira - e cena inteira geralmente não envolve ativamente muitas bandas e pessoas - fica nivelada por algum desses estilos.
Mas o que falta pra mim aqui são bandas que dão importância pra composição e harmonia, por que não é só misturar estilos e colar um riff no outro.

Pedro: Eu não colocaria as coisas desta maneira sobre o "mar de bandas genéricas", acho que seria presunçoso e valorizaria algo que eu acho um conceito meio duvidoso, que é o da "originalidade". Eu concordo que gente demais hoje em dia faz bandas apenas para reproduzir clichês, mas também acho que tentar ser original é uma besteira pretensiosa.
Mesmo entre bandas que fazem um hardcore mais "ortodoxo", existem várias que não são genéricas e colocam sua própria cara na música, mesmo sem adicionar elementos exóticos. Também não acho que a raiz esteja necessariamente desgastada. O que eu vejo como um problema é a falta de espontaneidade e de uma motivação que saia da mera reprodução e imitação. Se a banda for espontânea e acredite realmente no que está fazendo, por mais que o som em não seja muito aventureiro, ela vai ter algo a acrescentar, como muitas bandas têm.

- Eu sei que alguns integrantes da banda, especialmente o Alemão, não gostam do nome Buy Us Some Heroin. Qual o problema com ele?

Alemão: Eu não curto o nome B.U.S.H.em si, mas os nomes que vêm daí são foda. "Building Underage Support at Home", do split com o Bruce Banner , é bem MDC style. Também tem o lance para fazer as artes, acho que fica um pouco limitado, muito marcado com o nome do idiota. Parece que fica obrigatório você usar a imagem do Bush. Acho que a piada já era, mas nos dois LPs conseguimos fugir disso,
partimos para um lance mais LSD que ficou muito melhor!
Pedro: Eu também acho um nome meio ruim. Alguns problemas são a existência daquela banda horrível dos anos 90, o Bush; o fato do George W Bush estar em breve indo embora e o nome ficar datado; esse lance de nomes com siglas ser meio batido e por aí vai. Mas quando eu fui chamado para a banda, o nome já tinha sido inventado (risos).

- Mas até aí, em relação a ser datado, tem o Reagan Youth, que continua tão atual quanto B.U.S.H. poderá ser daqui a alguns anos e o Dead Kennedys, que é uma piada boa eternamente...

Podrinho: É, o nome vai continuar igual, mas acho que as artes com o Bush e os trocadilhos têm seus dias contados, se já não tiveram...

- Demorou um pouco pras pessoas "entenderem" que som o B.U.S.H. faz? Existe uma diferença nessa percepção entre os brasileiros e os europeus, por exemplo?

Podrinho: Eu já pensei nisso e nunca cheguei à conclusão de qual seria a diferença entre aqui ou lá fora. Lá fora, o punk rock foi absorvido por praticamente todos os estilos de rock e não só por tendências de moda. Tanto que grandes compositores atuais da música tiveram vários dedos dentro do punk, como o Paul Westerberg (Replacements) e o J. Mascis (Dinosaur Jr.). Isso talvez tenha levado o punk rock a um reconhecimento de nível igual a qualquer outro estilo musical, e não só como acessório à rebeldia juvenil. Aqui sempre estouram bandas de hardcore melódico, mas existe um limite onde o punk rock, do jeito que gostamos de pensar que é, chegou.

Existe todo um espaço entre música técnica e energética, entre punk rock e rock'n'roll, em que ficamos flutuando e que bate de cabeça com o que a grande maior parte do público entende como deveria ser feito hardcore. Mas ao mesmo tempo houveram vários momentos na nossa turnê que os europeus passaram essa mesma impressão. Talvez a mudança de percepção aconteça com os americanos, mas não tenho uma experiência em relação à isso.

Pedro: Não sei, é difícil saber. Na real eu fico satisfeito com os comentários das pessoas, então acho que entendendo ou não, elas gostam. Claro que tem gente que gosta de determinados elementos e procura apenas bandas que reafirmem esses elementos. No nosso caso, isso fica meio difícil, eu acho. O próprio lance das pessoas terem que "entender" o som de uma banda para poderem gostar dela já é meio babaca, na minha opinião. Existe sempre a possibilidade de alguém não entender de onde vêm nossas idéias, mas gostar assim mesmo. Ou de entender completamente, mas achar uma merda. É a vida...
E tem gente que é imbecil mesmo e realmente se sente ofendida ou ameaçada quando alguém faz algo de outra maneira. E também é ótimo expôr isso, mesmo não sendo nem de longe a nossa motivação principal para nada.

- No primeiro 7 polegadas, a maioria das letras é um amontoado de chavões punks muito bem escritos, muito bem encaixados. Letras contra a polícia, falando sobre guerra, odiando tudo. Já no "New American Century", é, basicamente, uma espécie de cartilha da destruição do império americano e algumas coisas mais divertidas, como "Eu Não Sou Skate Punk" e "Pesadelo Fetichista". No "São Paulo", o Kalota escreve sobre as particularidades da cidade de São Paulo... É possível enxergar uma linha, um "padrão" (no bom sentido), que identifique o B.U.S.H. pelas letras?
Kalota: A pergunta meio que já responde as coisas, porque cada disco teve uma temática diferente devido ao nosso momento na época. Muitas letras eu faço pra mim mesmo, é um jeito que encontro de por para fora as coisas que eu passo e a maneira que eu as enxergo.
O primeiro EP, "Buy Us Some Heroin", é um chavão completo. Por outro lado, a guerra no Iraque estava pipocando e eu queria xingar o Georginho o máximo possível... Dessa forma, acabou sendo um sentimento bem sincero. Já no "New American Century" as letras tiveram um mix e não foram focadas somente em ofender o presidente dos USA, mas em falar de outros assuntos como o comportamento das gangues, andar de skate, cidade de São Paulo, o pesadelo que tive com minha coleção de discos pegando fogo, entre outras coisas. Mas de todos os nossos discos, o "São Paulo" foi onde conseguimos expressar o que a banda realmente é, tanto nas letras como na música em si. Todos nós estávamos inspirados e concentrados nesse disco, pois sabíamos que era preciso fazer algo de impacto, era o disco que iria nos representar durante nossa tour na Europa. E confesso que quando ouvi o resultado final fiquei surpreso, acredito que esse é nosso melhor material até agora, um disco que mostra realmente a nossa cara... Sobre as letras, acho que nem preciso explicar, elas tratam dessa cidade caótica, louca, poluída, violenta, mas que ao mesmo tempo é legal às vezes.
- Justamente. As letras do "São Paulo" são muito negativas em relação à cidade. Tudo é opressivo, tem violência demais, é muito caótico... E você acaba de me dizer que São Paulo é legal ao mesmo tempo. Onde? Por que não tem um som no disco que seja um "elogio formal" a São Paulo? (risos)
Kalota: "Relação de amor e ódio com esse lugar, já tentei fugir daqui, mas sempre acabo por voltar...". Se você ler o começo da letra de "Andando pelas Ruas", vai perceber que eu gosto de São Paulo e às vezes não gosto. Não entrei em contradição na resposta, meu amigo bigodudo!
- Ok, ta certo, hehe. Muita gente ficou chocada com a psicodelia das capas do New American e do São Paulo. Gostaria que vocês comentassem o cuidado que vocês têm com a arte dos discos.

Pedro: No New American Century a gente começou a fazer música com mais sons e fazia sentido fazer uma arte com mais cores também. A coisa toda de parecer um disco de 1981 já estava ficando meio tediosa. Se eu fosse ex-membro de alguma banda hardcore do começo dos anos 80, meu ego estaria na altura do Everest, porque todo mundo homenageia essas bandas o tempo todo, incluindo nós mesmos. Portanto, também foi a minha maneira de homenagear bandas que não são tão homenageadas no nosso meio, como Love, 13th Floor Elevators, Seeds e etc... Quando elas faziam isso era a coisa mais punk a se fazer.
Veja por exemplo capas de discos pop do começo dos anos 60 e compare com a capa do primeiro LP do 13th Floor Elevators poucos anos depois. Os velhos viam aquilo e queriam agredir as pessoas, porque o mundo até essa época era monocromático, por assim dizer. Guardadas as devidas proporções, o hardcore ficou meio monocromático, então nós decidimos fazer as coisas assim para estimular um pouco os sentidos das pessoas.
Porém uma coisa importante para nós é a arte ter uma mensagem, não ser algo puramente gráfico. A capa do New American é um comentário sobre a maluquice da geopolítica atual. A capa do São Paulo é representa de maneira semelhante a loucura da megalópole. As cores e a "psicodelia" representam a imprevisibilidade, o caos (no bom e no mal sentido), outros níveis de compreensão das coisas e por aí vai. É uma moldura para os temas das músicas e das questões que passam pela nossa cabeça. O olho, que nós também sempre usamos, representa ao mesmo tempo a onipotência do dinheiro e do capital, afinal ele representa deus e está no dólar. E também, representa obviamente que nós estamos sempre sendo vigiados.
E, é claro, chama a atenção, o que é sempre bom para uma banda.

- E o que esperar da banda? Depois de serem considerados "unstoppable" pela Maximum Rock n Roll, o que vem de lançamentos e na musicalidade do B.U.S.H.?

Podrinho: Olha só, vai sair um split com o Merda pela Laja Records e nós já estamos trabalhando no nosso segundo disco. Essas músicas vão começar a aparecer nos próximos shows. Quanto a musicalidade, a gente vai continuar de onde o São Paulo parou, rocknroll, garage, fuzz e hardcore.

- Dá pra esperar o uso de instrumentos como o teclado e o metalofone, como no New American Century?


Podrinho: Sim, com certeza. Vamos continuar com o farfisa e o piano. Funcionou bem nos outros discos. Algum instrumento novo na gravação só na hora a gente vai saber.


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Daigo Oliva
http://cameragun.blogspot.com
www.daigooliva.com


This is a brand new problem, a problem without any clues. If you know the clues it's easy to get through.

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Daigo Oliva
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ENTREVISTA a The Slackers


A primeira compilaçom “Give `em the boot” do selo Hellcat Records mostrava que algo gordo estava a se mexer em Norteamerica no que diz respeito à música jamaicana. A participaçom desta banda de Nova Iorque, que já leva desde o 91 levando o bom gosto por bandeira, junto como grupos referenciais com Stubborn Allstars, Pietasters ou Hepcat reflexava a magnitude do tema. Tem-se assinalado que som umha banda de estilo tradicional mas acho que isso nom é certo, nom hai mais que colher qualquer um dos seus discos para ver que nom se limitam a tentar reproduzir o som típico das bandas jamaicanas. Eles sempre forom além disso, suponho que é isso o que os fai realmente atractivos, a sua música é especial, porque chegados a um ponto devemos exigir algo mais que um monte de músicos virtuosos reproduzindo o que já foi feito umhas décadas atrás. Os caras de NY tenhem decidido, e conseguirom de facto, fazer música com selo próprio, umha viagem sem reparar demasiado pola sua discografia da para perceber do que estou a falar. Reproduzo e reproduzo umha e outra vez o último disco, que leva por título “Self Medication”, e nom acerto a atopar umha definiçom exacta do que eles tocam. Acho que poderi chegar a aceitar algo à inversa do que derivou no ska na Jamaica na década de 60’, explico-me, se bem o ska foi fruto do que chegava a Jamaica polas ondas radiofónicas com origem norteamericana mesturado com a musica tradicional da ilha o que se passa caso é que The Slackers tenhem como raiz a música norteamericana, num sentido amplo(soul, jazz,folk,rock and roll, blues,) e estam profundamente influenciados pola música feita em Jamaica desde os 60’ até que os motoristas com pistolas fizerom-se com a indústria musical da ilha e instaurárom a ditadura do danchehall, nomeadamente: ska, reggae, rocksteady...Hai pouco baixei a sua discografia e a verdade que nom é impecável, tenhem discos mais afortunados que outros, mas os momentos de inspiraçom fazem que sejam uma das bandas referênciais no mundo enteiro, boa prova e que já passearom o seu som de Nova Iorque por muitos pontos do planeta, chegando a algum deles de forma bastante constante. Hai que estar bem atentes para pescá-los ao vivo, quando os veja já logo vou começando os preparativos para ir morrer tranquilo.
Depois de intercambiar uns quantos mails com o manager da banda tivem a oportunidade de conseguir o mail pessoal do David Hylliard, um dos cérebros compositivos e membro original de Hepcat, nom falou muito mas dijo algumha cousa interessante
1.Imagine que puidera falar com o Curtis Mayfield e o Bob Marley, como é que explicaria que música tocam os Slackers?
É música groovy que combina rock and roll americano com ritmos jamaicano pondo ênfase nos arranjos líricos.
2.Hai algum tempo, durante umha entrevista com The Peeping Toms perguntei-lhes por vocês, escrevim o vosso nome e dizem que escreveram o primeiro que se lhes passasse pola cabeça, eles disserom innovaçom, estm de acordo com essa descripçom?
Sim, está fixe. Acho que com os Slackers sempre estamos a tentar empurrar-nos a nós próprios. Nom estamos felizes ficando estáticos. Sempre estamos a trabalhar em arranjos tentando empurrar as nossas habilidades cara seus límites.
3.Na tua opiniom, morar numha cidade multicultural e multietnica com Nova Iorque pode influencias a tua música? Poderias falar-nos um bocado sobre os eventos ( música, pinchadas, cultura em geral...) que acontecem na tua cidade na altura?
Nom saio tanto como deveria, e desde que nasceu meu filho tenho estado ocupado quando chego à morada. Mas sim, viver em Nova Iorque realmente tem influenciado a minha música, a cena jazz, a cena latin som grandes influências na música que tenho criado. Costumava haver um tenda de música genial de música latin dentro dumha estação de metro, se baixavas do trem podias escuitar esta genial música. Por um tempo muitas cousas fecharam mas agora cousas novas parece que estam a abrir. Hai muitos locais de música ao vivo agora, hai bandas que estam a voltar, hai muitas em Nova Iorque na altura. No entanto nom hai muitas bandas de ska ou reggae saindo agora, de facto nom conheço nengumha nova. A maioria de bandas estam compostas por gente que conheço desde hai dez anos, como Dub is a weapon. No entanto tenhem lugar muitas noites de reggae e soul clássicos. Acho que isto poderia, com o tempo, derivar nos nascimento de mais bandas destes estilos

4. Poderias falar um bocado sobre a tua vida diária...é The Slackers umha banda a tempo completo? Tes algum outro projecto em paralelo?

The Slackers tem sido umha banda a tempo completo nos últimos dez anos. Fizemos por volta de 100-150 concertos cada ano, assim que sim, estamos realmente ocupados com a banda. Mas ainda assim encontro tempo para fazer outras cousas, ainda continuo com Dave Hillyard & The Rocksteady 7, tocamos por volta dumha vez ao mês em Nova Iorque e de quando e em vez estamos de digressom também. Também tenho umha banda de jazz que toca cada dous meses, acaba-mos de gravar um disco. Ainda nom temos nome. Ademais também acabo de rematar um projecto com o Glen Adams chamado “Dave Hillyard plays, "the hits of Jackpot.", sou eu fazendo solos sobre velhos ritmos reggae do Jackpot Catalog do Bunny Lee. Foi divertido tocar sobre esses velhos ritmos, lembrou-me a como aprendim a tocar, ouvindo vehas fitas na minha habitaçom.

5. Qual é a primeira ideia que vem a tua cabeça quando escuitas os seguintes conceitos-ideias-nomes...:

Condoleezza Rice - Puta
Dancehall: Chato
Sexo em Nova Iorque (telesérie):queixumeiro (sempre a queijar-se)
Greenpeace: Correcto
South Park: Cheirento
Patrick Ewing: Terco
Woody Allen: Parece-se ao meu pai
Hepcat: A minha antiga banda
6. Quê é o que tentam reflectir na suas letras? Acham que a música e a política som umha boa combinaçom? Poderia a música ajudar a um cambio político?
Tento escrever sobre cousas que me passam a mim. Nom escrevo músicas fantasiosas sobre Rude Boys ou agentes secretos gansters. Ás vezes as cousas som divertidas, as vezes som irônicas, as vezes políticas e pessoais á vez. Mas sim, sinto que é importante escrever sobre a sociedade que te rodeia, assim que os temas políticos som inevitáveis na maioria da música. Nom é tam bom como necessário . As músicas podem afectar ás cousas obviamente. Podem fazer que a gente tome consciência sobre certas cousas. Nom sei como em última instancia podem afeitar ao mundo mas nos tenta-mos nom obstante.
7. Poderia nos falar da sua formaçom musical?
Sou autodidata. Tomei algumhas liçons, merquei alguns livros de exercícios como o livro de Oliver Nelson de padrons e escalas. Nunca fum a aulas de música na Universidade, a minha educaçom consistiu em escuitar velhos discos de reggae e ska. Mais adiante também em escuitar velhos discos de jazz, e depois em ir a jam sessions de jazz, tocar ao vivo, falar com mais velhos ou mais experimentados músicos sobre cousas. Assim foi como fui aprendendo cousas.

8.Tocou algum outro tipo de música antes de começar a tocar a música que toca hoje em dia?
Realmente comecei tocando ska e reggae, isto ao ser norteamericano faz que seja um friki. Depois de tocar em bandas de ska comecei a aprender como tocar outros tipos de música como jazz ou blues.
Imagine que tem que mercar um presente para a sua mulher e só o pode fazer numha livraria, que mercaria? Poderia recomendar algumha revista de música?
Algum tipo de livro de viagens (guia de viagem). A minha mulher precisa umhas férias sem mim. Em quanto a imprensa...nom, a prensa fede, acho que Mojo é a melhor dum monte de malas revistas.
Pode fazer umha resenha do ultimo disco dos Slackers?
Self Medication mostra aos Slackers continuando a madurar. Este opus de 12 músicas começa num familiar território reggae e ska e depois vira cara a psicodélia e o rock inglês de finais da década de 60 e começos de 70. De algum modo este eclecticismo soa natural apesar da sua diversidade. ( David Hylliard).