sábado, 1 de noviembre de 2008


Olha como era a tua casa antes, olha o miserável que eras e olha como o dinheiro que gastamos em ti converteu-te numa pessoa menos miserável.

Rematara um partido de basquete, duas equipas disputaram um encontro aberto, nom dava para saber quem ganharia até os derradeiros minutos. O dedo preme sem controlo o mando da televisão. O terceiro ou segundo salto foi da segunda canle a Antena 3, maldita a hora. Um cara de mediana idade perde os papeis ante uma surpresa maiúscula que leva ao entrar na sua morada. “A continuação”, avisam com letras de cor branca sobre o aparato televisor, o nosso protagonista, o senhor nom mui velho mas tampouco mui novo, aparece a chorar, emocionado, abraçado pólas suas filhas, abraçando às suas filhas, fazendo cantos às bondades de quem mudou uma casa humilde por uma ridícula transformação dessa humilde casa. Pego o celular e chamo a um amigo para que nom perda detalhe, a cousa promete, avizinha-se o espetáculo.

Passam uns minutos de publicidade, que seguramente esteja relacionada com o pago da magnífica obra, e a alma cai-me aos pés. Já nada é gracioso, o apresentador, um cara com boa percha, alto, de quem um conhecido riu-se na casa de banhos dum conhecido aeroporto madrilenho, é o inimigo. Reproduz um discurso, previamente cozinhado pólos redatores suponho, que remarca com insistência as diferencias entre o antes e o depois. Pobre senhor e pobre família, antes tinham que apanhar colchões na rua para poder descansar, isso nunca deveria que o fazer ninguém, tremendos miseráveis, fala o filho da puta do que o meu amigo fizera escárnio e maldizer

A família estava composta por...acho que quatro filhos, o famoso senhor, e a sua mulher, que, devido a uma enfermidade, tinha que usar o dia todo uma cadeira de rodas,com as dificuldades conseguintes. Nom sei exatamente como é o mecanismo deste programa mas o espetáculo estava servido. Equipa de interioristas, arquiteta, operários, visita a umas quantas lojas e tudo pronto. Uma nova vivenda, com todo tipo de luxo e detalhes. Violência desmedida.

O que se passou lá nom é mais que uma constatação do modelo capitalista, como um antes dramático pode mudar a um depois de filme, o dinheiro é o único que se precisa para essa transformação, que por outra parte deve ser única e exemplar. O modelo capitalista acredita com fé cega na desigualdade, o que o outro dia se passou nunca se deveu permitir que passara, por violento e cruel. Foi a máxima expressão do medo da igualdade, do medo desse monte de pessoas a uma distribuição eqüitativa da riqueza

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